O Morada Choque vive um dilema neste semestre: subir ao Chuteira de Prata. Não falamos de título porque seria uma pressão imensa aos jogadores. Entretanto, a pergunta que fica é: por que o time de Lele não consegue chegar à Prata? Por que eles sempre ficam no meio do caminho? O que acontece com o time que tem o maior artilheiro da história do Chuteira? Existe “Leledependência”?
Começo relembrando um pouco da trajetória da equipe fundada no bairro do Jaguaré, Zona Oeste da capital, por Lele, Guh, Samuka, França e Tutu. O artilheiro tinha deixado o Joga 13 e se destacava no CAV, onde conquistaria seu único título de Chuteira (Série Prata) de sua prateleira. A ideia da equipe, segundo o camisa 9, era formar um time de futebol de campo, porém começaram a disputar uma série de amistosos no society e por ali ficaram.
O primeiro torneio disputado foi em janeiro de 2013, na extinta Taça Verão do Chuteira. A taça tinha nada mais nada menos que a volta do Bengalas ao Chuteira, além do início de times como Leões do Brás, TáLigado, Magnatas e Camaro. O Morada parou nas quartas de final, perdendo nos pênaltis para o Mulek Doido. Porém, mesmo com a derrota, a equipe chegou a disputar a primeira edição do Chuteira de Aço, avançou ao mata-mata e, em mais uma partida de quartas de final, morreu na praia ante o Futsamba. Mais uma vez, por desistências, o time conseguiu o acesso à Bronze.
Na Bronze, o ambiente era outro, um campeonato um pouco mais forte, levando o time a se reforçar ao longo do caminho. Mudaram também as cores – o branco ficou de lado e o uniforme todo azul tomou conta. Ali mais uma vez ficou entre os 6 melhores. Mais uma vez chegou às quartas de final. Jogo contra o Lodetti. O resultado? Sim, adeus, bye bye. Entretanto, não foi tão fácil passar pela equipe de Lele. Foi suado, em um jogo disputado, com o placar magro. O Lodetti seria campeão em seguida.
A equipe não desistia, e no VIII Chuteira de Bronze, no primeiro semestre de 2014, não chegaram nem a se classificar. O mais curioso foi que Lele, sempre artilheiro nos torneios disputados, nessa edição acabou como vice-artilheiro, atrás de Cadu, que na época vestia a camisa do Cacildis
(hoje no Real Paulista Classic).
O time ficou na Bronze e continua ali. Em sua terceira edição seguida, 2º semestre de 2014, voltou a se classificar ao mata mata. Porém, nas oitavas, mais uma eliminação. Agora o Abusados tirava-lhes o sonho de subir de divisão. E Lele? Artilheiro da edição com a marca de 32 gols! Com três partidas a menos que Balãotelli, o vice-artilheiro, que se sagrou campeão com o A.A.A.
Já em 2015, o time passou por uma reformulação imensa. Lele trouxe muitos de seus companheiros de Valência – equipe de campo no qual ele joga aos domingos e também é artilheiro. Aliás, o Valência acabou de estrear no Chuteira, via Chuteira 5. Iniciam, sem Lele, claro, sua trajetória no mundo chuteirístico.
Enfim, na edição passada, o Morada era outro, a postura também, mas a equipe caiu em um grupo muito difícil, que contava com Leões do Brás, que venceria o grupo, Cachorro Velho e o temido Nóis Que Soma. A equipe avançou na sexta posição e despachou, nas oitavas de final, o Condor’s. Entretanto, o fantasma das quartas voltou a assustar. O time teve o azar de cruzar com o bicho papão NQS. O Morada Choque jogou na retranca, aguentou até quando pode, mas no final os aurinegros passaram pelo ferrolho do Morada (3 x 0) e acabaram campeões.
Na atual edição, apesar de apenas três rodadas terem sido disputadas, o Morada anda com sorriso de ponta a ponta. É o único time no Grupo A com aproveitamento de 100%. Mas e aí? Será que desta vez vai? Ou novamente Lele e cia. morrerão na praia?
Pelo que se pode ver pelo histórico acima colocado, o Morada sempre deu “azar” de enfrentar equipes quase imbatíveis na época, destinadas à Série Ouro. Só conferir comigo: Futsamba, Lodetti e Nóis Que Soma, por exemplo. Os dois primeiros estão na Ouro, o NQS é questão de tempo (até o fim do ano) para chegar à principal edição do Chuteira.
Ou seja, em todas as edições da Bronze que a equipe disputou, sempre teve um bicho papão. Ou era um elenco forte, ou um time com um grande jogador a desequilibrar. Mas o leitor também deve se perguntar: “E daí? Eles não têm o Lele? O maior artilheiro do Chuteira.” Sim, eles têm Lele! Mas o atacante não consegue atacar, armar jogadas no meio e defender. Ele é apenas um centroavante, o melhor, que sabe aproveitar do seu dom para marcar gols ajudando ao Morada, porém não joga sozinho.
Com exceção dos irmãos Tutu e França, que ajudava e ainda ajudam Lele a fazer seus golzinhos lá na frente, a equipe era considerada comum no torneio. E o resultado era esse: cair sempre nas quartas de final quando pegavam os melhores da primeira fase.
Analisando friamente a partir dessas três rodadas, o time soube buscar mais opções para sair da “Leledependência”. Jogadores novos como Dedé, Lucas Barbosa (ex-Basicus) e Pedrinho vieram para dar mais opções de protagonismo ao time, saindo um pouco de sempre ser Lele, Tutu ou até França. O protagonista pode não ser sempre aquele que faz o maior número de gols, mas aquele que segura as pontas atrás ou o outro que faz a bola chegar mais redonda ao artilheiro. Parece ser isto que o Morada tenta neste semestre: livrar um pouco Lele dos holofotes, dividir mais a “responsabilidade” das vitórias com todos.
O time amadureceu e vem encarando o jogo de outra forma, mas outro elemento que me faz acreditar num acesso na temporada é que simplesmente não existem times a serem temidos nesta edição da Bronze! Todas as equipes estão niveladas, com exceção do Morada, que passou de coadjuvante ao protagonista. A única com experiência e futebol para estragar os planos de Lele e cia. é o HidroNG, atual campeão da Aço. O confronto direto entre eles pode ser o decisivo para ver quem sobe, e perder pontos a outras equipes seria letal. O Hidro já derrapou, o Morada ainda não.
Além disso, num possível mata mata, com a presença de muitas equipes novas e de chegada, como Bronx, Shakthar dos Leks e IRA, o papel de protagonista passaria a ser mesmo do Morada Choque. A obrigação de vencer seria de Lele e sua turma, ainda mais se se classificar entre os primeiros. Como se comportará o time no papel de protagonista?
Todos esses fatores fazem do Morada Choque grande candidato a enfim subir de divisão. É agora ou nunca.
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