Jogos decisivos tendem a acirrar os ânimos, mas, apesar do clima de final, o duelo entre Porto e Alma Negra poderia ter ficado apenas com a carga emocional de um jogo muito disputado, mas a falta de bom-senso deixou o futebol em segundo plano no que poderia ter sido uma verdadeira batalha campal. Felizmente, nada demais aconteceu e não passou de empurra empurra. Porém, quem perdeu mais foi o Alma Negra, que vê sua classificação ameaçada e precisa vencer na rodada final para garantir a vaga.
 
A partida começou ótima, com boas oportunidades criadas dos dois lados. O primeiro gol saiu ainda aos quatro minutos, quando Michael arriscou uma pedrada de longe e venceu o bom goleiro Thi, que estava encoberto pela selva de pernas e não conseguiu sair a tempo de evitar que a bola entrasse na meta dos piratas.
 
A resposta veio também com muita violência no chute. O grandão Alemão fez jus ao superlativo e soltou o pé em cobrança de falta. Um chute inapelável para Juninho, que mal viu por qual lado a bola passou e morreu no fundo das redes. A receita deu tão certo, que minutos mais tarde, em nova cobrança de falta de Alemão, a bola explodiu em Fuka e entrou, virando o jogo para o Alma Negra.
 
Mas o Porto cresceu mesmo sofrendo o revés. Thi era exigido nos chutes de longe de Matheus, que infernizava a vida do marcador. Em um cruzamento, Michael teve a chance de marcar seu segundo gol, desta vez de cabeça, e até cabeceou para baixo, como manda o manual, mas o goleiro do Alma fez um verdadeiro milagre a la Gordon Banks.
 
Porém, o excesso de faltas não ajudou muito o arqueiro, e o Porto teve dois shoot outs a seu favor. No primeiro, Guilherme mostrou categoria e deu sorte, batendo embaixo do corpo do goleiro. No segundo, inverteu a batida e concretizou a virada no finalzinho do primeiro tempo.
 
O segundo tempo teve dois nomes: Alemão e Matheus. Um marcando o outro, um marcando gol e o outro também. Primeiro foi a vez do camisa 5 do Porto arrancar pela direita e bater cruzado, acertando o ângulo de Dimmy, que mal viu por onde a bola passou.
 
Carlos Henrique conseguiu descontar para o Alma em uma jogada de raça e superação, brigando pela bola dentro da área. O empate veio no lance seguinte, aproveitando os vacilos defensivos que a zaga do Porto comete na bola aérea. Jamaica subiu mais que o marcador e deixou tudo igual numa cabeçada forte e precisa.
 
Mas Matheus estava endiabrado e fez uma jogada de gênio na ala. Passando uma caneta no adversário que o marcava, o camisa 5 arrancou rente à linha lateral e soltou o pé na direção do gol, a bola desviou no meio do caminho e morreu lá dentro do gol. Mas a alegria durou pouco. Alemão, sempre ele, subiu mais que o baixinho Bruninho e igualou o placar mais uma vez.
 
Os ânimos estavam à flor da pele e um lance bobo no banco de reservas do Alma Negra foi o estopim para que tudo pegasse fogo. Segundo a arbitragem, o treinador do Alma agrediu Yuji com um chute e o tempo fechou. O bate boca generalizado que estragou totalmente a continuidade do jogo. Cada toque na bola era cercado de apreensão. Quatro jogadores acabaram expulsos: Fuka e Thi, pelo Alma, Lucão e Guilherme, pelo Porto.
 
O ping-pong do placar só foi quebrado quando Matheus marcou mais duas vezes, praticamente muito parecidas, sempre brilhando na ponta direita do ataque azul e branco, dando muita dor de cabeça para o adversário. Alemão ainda conseguiu descontar, mas o tempo era insuficiente para a reação.
 
A vitória do Porto acabou com as chances do Alma Negra conseguir uma colocação melhor na tabela e os piratas precisam vencer o Fagundazo para se garantirem na quarta posição. Já o Galo de Pirituba pega o Nunca Serão e tem poucas chances de conseguir ultrapassar o Paraguay nos critérios de desempate.

Ficha técnica

Porto 7 x 6 Alma Negra – 6ª rodada do III Chuteira 5

Gols: Matheus (4), Guilherme (2) e Michael (P); Alemão (4), Carlos e Jamaica (AN)

Cartões amarelo: Guilherme (P); Fuka, Fred e Alemão (AN)

Cartões vermelho: Passarelli e Guilherme (P); Fuka e Thi (AN)

MVPs: 1 – Matheus (Porto); 2 – Alemão (Alma Negra); 3 – Guilherme (Porto)