Uma hora depois de o SóCanela conseguir sua primeira vitória no Chuteira Girls, algumas jogadoras, entre elas Mamá, Renatinha, Manuh e Mafe, reuniam-se em frente à entrada do bar do Playball Pompeia quando interpelaram este repórter que vos escreve. “Escreve na tua matéria que o gigante acordou!”, disseram as meninas. Mesmo em um tom de brincadeira, sim, é possível escrever nesta matéria que o gigante, ou melhor, as caneleiras, acordaram – e fizeram sua melhor exibição até o momento. Com um futebol pragmático, as meninas do black team, enfim, puderam sorrir.
 
Até então sem nenhuma vitória, o SóCanela perseguia não somente seu(s) primeiro(s) ponto(s), mas também o primeiro gol na competição. O Villa Verde também açodava a primeira vitória, mas vinha de dois empates – o que dava um certo favoritismo ao time, que mais uma vez jogou de amarelo. O problema é que as caneleiras já haviam demonstrado evolução na rodada anterior ante o Roleta Russa Dasmina, e o dia parecia ser delas. Flávia foi a primeira a tentar inaugurar o marcador. Após lateral, a camisa 4 cabeceou, mas de forma fraca a facilitar para Brubs.
 
A primeira chegada do Villa foi com a dupla Raitza e Deia. A primeira chegou como uma flecha para pegar rebote e rolar para a segunda, que parou nas mãos sem luvas de Thomé. Depois, a mesma Deia teve outra oportunidade pelo lado esquerdo, mas Thomé defendeu com tranquilidade o chute fraco da camisa 11. O então favoritismo do VV estava se confirmando, e foi corroborado com a triangulação entre Raitza pelo lado esquerdo, que toucou no meio para Deia; esta achou bom passe para Sandra na direita. A camisa 82 sentou a bota, mas Thomé estava atenta e efetuou a defesa. Só que o futebol, amigas leitoras...
 
O momento era tão, mas tão, do VV, que o SóCanela finalmente arrancou o grito de gol da garganta. Como este repórter estava pensando na “morte da bezerra” acabou perdendo o lance, a ser descrito pela própria autora do tento, Mamá. “Recebi na ponta direita, levei para dentro e, de pé esquerdo, chutei e corri pro abraço”, desvendou Mamá! 1 x 0! A felicidade nos semblantes das caneleiras era nítida, e o alívio do primeiro gol acabou contagiando as meninas. A marcação passou a ser mais rígida, forçando erros das villeiras – como o de Raitza, que da intermediária fez a bola subir demais em tentativa.
 
O SóCanela passou, então, a explorar os contra-ataques. Mamá, da quadra de defesa caneleira, acertou lançamento milimétrico para Mafe, que saiu cara a cara com Brubs, mas a camisa 10 desperdiçou chance açucarada. A dupla voltou a funcionar, com Mamá roubando a pelota e tocando na esquerda para Mafe que, desatenta, não alcançou o bom passe.
 
Apesar da vantagem, as caneleiras não eram soberanas, e as meninas do Villa Verde passaram a alternar ataques com as adversárias. Em um deles, após sobra, Raitza soltou o petardo, que passou à meia-altura da meta de Thomé. Deia também tentou, após sobra de um lateral, mas sem sucesso. Apesar desses ataques, as caneleiras retomaram as ações da partida e ampliaram. Antes, após cobrança de lateral, Renatinha, no lado esquerdo, chutou fraco para defesa sem sustos de Brubs. Em seguida, outro lateral pelo lado direito. Depois da cobrança, a zaga rebateu para o mesmo lado, onde estava Mari. A camisa 17 não titubeou e mandou por cobertura, à direita de Brubs, que nada pôde fazer. Belo gol das caneleiras! 2 x 0!
 
O gol abalou o Villa Verde, que tentou descontar com Raitza da entrada da área, mas Thomé fez a defesa. E só não foi ao intervalo com mais prejuízo porque Brubs estava ligada. Primeiro, em falta pela esquerda cobrada por Flávia defendida pela goleira. Depois, a guarda-redes fechou bem o ângulo em chute de Mari, que foi para fora.
 
O tempo complementar pareceu uma repetição da etapa inicial. O Villa Verde mais incisivo e o SóCanela se defendendo. Porém, a sólida zaga formada por Flávia e Manuh, com a capitã Carolzinha à frente delas, não permitia uma ação mais efetiva das villeiras. A primeira tentativa foi de Manuh, em chute defendido por Brubs. A resposta do VV veio com Rê Carrano. Ainda da sua quadra, pelo lado direito, a camisa 9 mandou um sapataço que encobriu Thomé e carimbou o travessão. Muita lamentação de Rê pela chance não alcançada.
 
O SóCanela, apesar da vantagem, fazia um jogo aberto e não se limitava a marcar. Parece que as caneleiras tinham pegado gosto pelo gol. Pela direita, Flávia bateu cruzado para defesa parcial de Brubs; no rebote, Raíssa perdeu a grande chance de ampliar. A resposta das villeiras chegou com Roh, que chutou, mas Carolzinha estava no meio do caminho e desviou a tentativa a escanteio.
 
O triunfo das caneleiras se confirmou alguns minutos depois. Triangulação esperta entre Raíssa e Flávia, até chegar à área para a narradora de gols Mamá, que só teve o trabalho de empurrar às redes! 3 x 0! Entregue, o Villa Verde passou a ser presa fácil. Antes, ainda chegou com Cris pela direita, que chutou pro meio onde estava Roh. A camisa 93 desviou, mas Thomé fez a defesa. Depois disso só deu SóCanela.
 
Raíssa teve duas oportunidades. Na primeira, recebeu na intermediária, mas chutou por cima; na segunda, tabelou com Manu e acertou o pé da trave. O time quase chegou após cobrança de escanteio. Renatinha, com categoria ímpar, ajeitou atrás à chegada de Manuh, mas a vontade da camisa 12 era tanta que a bomba saiu por cima da meta de Brubs. O VV, em um último suspiro, perdeu chance com Raitza, que isolou sua tentativa.
 
A festa caneleira foi completada por Mafe. A sorridente camisa 10, atenta, pegou rebote de uma afastada errada de Raitza e não perdoou! 4 x 0! Com a ampla vantagem, o SC apenas tocou bola até o apito final dos árbitros. Deu tempo ainda de Renatinhar acerta o canto esquerdo, mas para fora, após boa triangulação caneleira.
 
Com o resultado, o Villa Verde despencou para a lanterna da competição. É a única equipe que ainda não obteve vitória. Trabalho a mais para os técnicos Leandrinho e Luquinhas, que têm a missão de dar ânimo ao time no confronto ante o líder Roleta Dasmina. Já o SóCanela marcou seus primeiros gols e pontos, mas ainda está fora do G-4. Para se classificar, o técnico Leandro Balbino sabe que vencer o Rabisco é fundamental. Porém, a tarde caneleira, de quase tão perfeita, dá esperanças. Só não foi perfeita por completo, pois faltou um funk no final da partida para a Ana Gabi dançar – como ela fez durante o aquecimento.
 
Ficha técnica:
 
Villa Verde 0 x 4 SóCanela – 3ª rodada do III Chuteira Girls
 
Gols: Mamá (2), Mari e Mafe (SC)
 
Cartão amarelo: Lú (SC)
 
MVPs: 1 – Flávia (SóCanela); 2 – Mamá (SóCanela); 3 – Manuh (SóCanela)