Estava armada uma vitória do Só Risada na 3ª rodada. Com um triunfo e um empate, vencer uma equipe que vinha de duas derrotas e desacreditada parecia ser um filme fadado ao clichê. Enredo pronto, jogadoras a postos, e plateia preparada para uma risada espetacular. O problema é que a festa não fora combinada com o Rabisco. Saldo: rabisqueiras com os 3 pontos, atuação convincente da dupla Lica e Vivi – além de uma Carla inspirada -, e ânimo à equipe nos dois jogos restantes da fase de classificação.

Quem esperava um Risada avassalador acabou surpreendido. Os primeiros movimentos já indicavam uma preparação mais adequada das rabisqueiras. Melhores posicionadas em relação aos jogos ante Roleta Russa Dasmina e Imperial, dessa vez acabaram não sendo presa fáceis às adversárias. O jogo começou ruim. Travado, a bola apanhava das jogadoras, que a castigavam com chutões e pouco avanço em jogadas trabalhadas. Em uma das primeiras tentativas relevantes, a zaga do Rabisco falhou, Letícia ficou com a sobra pelo meio e arriscou, mas o chute foi para fora.
O jogo era corrido, mas com excesso de trancos e chegadas mais duras – não necessariamente com faltas. O Rabisco chegou pela primeira vez com perigo através de Vivi, que soltou a bomba da entrada da área para fora. Além de um jogo truncado, a falta de pontaria também ditava o ritmo do embate. Tanto é que, após pivô de Aline, Carol chutou tão torto que a pelota saiu em lateral – desperdiçando chance boa ao Só Risada. A resposta chegou com Nina pelo lado esquerdo, mas a tentativa foi para fora.
Mais uma chance para cada lado: após cobrança de lateral, a bola passou por toda extensão da zaga até chegar à sapatada venenosa de Nina, que saiu por pouco; em contra-ataque, as risadeiras quase marcaram com Regiane, mas seu tiro teve desvio salvador de Dadá antes de sair. O Só Risada teve mais duas chances de cortar a fita inaugural da festa. Primeiro com Regiane, que recebeu livre no bico direito da área mas chutou por cima. Depois, Aline recebeu de um lateral e cabeceou com vontade, mas para fora.

Quando o Só Risada passou a gostar do jogo, veio o Rabisco para mostrar que o filme teria um final diferente do que estavam projetando. Lica achou Vivi de frente para o crime. Porém, Raysa operou um verdadeiro milagre – livrando momentaneamente sua equipe. Só que, no lance seguinte, após bate e rebate entre ataque e defesa, a redonda se ofereceu a Lica no lado direito. “Me chuta, me chuta, me chuta”, a bola pedia. A camisa 9 não pensou duas vezes e atendeu ao pedido de sua amiga, acertando o canto! 1 x 0!
Com o baque sofrido, o Só Risada ainda juntou forças para empatar antes do intervalo. Lançamento vindo da zaga à área buscava a cabeça de Aline, mas a camisa 8 estava desatenta e não botou força suficiente. E, após cobrança de escanteio, Mi desviou, mas Carla estava atenta – garantido a vantagem mínima para o segundo tempo.
No retorno, o panorama continuava parecido. O Só Risada mais com a posse da bola e o sistema defensivo do Rabisco funcionando. A primeira tentativa foi das risadeiras. Mi recebeu e logo fez o pivô à chegada de Aline, mas o chute saiu por cima. Essa foi uma tentativa isolada no começo da etapa final. O problema é que, a partir daí, o jogo voltou a ficar feio. Eram muitos os desarmes e poucas construções de jogadas. Sah era um alento na zaga risadeira. Além de firme nos desarmes, a futsambense camisa 3 trabalhava as saídas de bola com categoria. Contudo, as zagueiras rabisqueiras estavam muito ligadas.
Exceto quando se embananaram e perderam a bola para Aline, que chutou por cima. Ou depois, quando Drê teve talvez a melhor condição de chute do embate inteiro. A camisa 23 recebeu pela direita e teve todo o tempo do mundo para decidir o que fazer com a bola. Parou, pensou, analisou, freou, quase deu para ir até Salvador e voltar, quando decidiu arriscar – mas sem nenhum sucesso.
O Só Risada chegava, mas as conclusões continuavam ruins. Bianca achou Mi na esquerda, que rolou para Regiane. Só que a camisa 19 foi de forma lenta para a conclusão e desperdiçou boa chance. Até então apenas se defendendo, o Rabisco voltou a assustar as adversárias com Ana Laís. A número 17 mandou um canudo da entrada da área, mas Raysa defendeu no centro da meta. As rabisqueiras começavam a explorar o cansaço e o desespero das risadeiras. E assim chegou à vitória.
Em cobrança de falta, Lica isolou a tentativa. Antes do golpe fatal do Rabisco, Regiane recebeu na direita e soltou a pancada. Carla, atenta, fez a defesa. As rabisqueiras estavam mais inteiras e chegaram com Vivi, que recebeu do escanteio e testou, mas de forma fraca – facilitando a vida de Raysa. Só que a arqueira sucumbiria na jogada seguinte. Vivi recebeu pelo lado direito e fuzilou. No meio do caminho, Sah foi infeliz e desviou a pelota, enganando Raysa! 2 x 0!
O gol deu tranquilidade ao Rabisco, que passou a se segurar na defesa e a contar com a habilidade de Carla na meta. O Só Risada, além de estar perdendo, viu Sah se machucar em um lance de dividida e não contar mais com a boa zagueira no duelo. Regiane recebeu no lado direito e, de primeira, experimentou. Carla estava esperta e espalmou a escanteio. Porém, o Rabisco estava perto do triunfo, e quase aumentou com Lica e Ana Laís em lances distintos e defendidos por Raysa. Fim de jogo e primeiro triunfo do Rabisco.
O resultado catapultou as rabisqueiras para o G-4. Com 3 pontos, a equipe entra de vez na briga pela classificação. No próximo sábado, as meninas terão um duelo complicado ante o SóCanela. Já o Só Risada perdeu a grande oportunidade de continuar próximo do Roleta Russa Dasmina. Com o revés, as risadeiras ficam com 4 pontos, mas ainda na vice-liderança. Na próxima rodada o time pode carimbar passagem à fase final. Para isso, terá de vencer o Imperial.
Ficha técnica:
Rabisco 2 x 0 Só Risada – 3ª rodada do III Chuteira Girls
Gols: Lica e Vivi (R)
MVPs: 1 – Lica (Rabisco); 2 – Vivi (Rabisco); 3 – Regiane (Só Risada)
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