Após título da Bronze com Condor´s e o Master do Primatas, Chicão ri mesmo à toa ao lado deste repórter
Ter livre trânsito entre grupos de pessoas requer alegria, simpatia e respeito. E, doses cavalares de humildade. Ou seja, é preciso ser um ser humano verdadeiro. Em um ambiente quase circense como o do Chuteira, pelo número de pessoas que frequentam o campeonato aos sábados, você conhece muitas pessoas capazes de serem aceitas e reconhecidas por praticamente todas as quase 80 equipes das 4 principais divisões além do Chuteira 5?
Pois conhece, sim. E este é Francisco Carlos Rei Pires, ou universalmente conhecido como “Chicão” (tio para alguns). Pois é, o pai do Feco e do Marcelinho (ambos do Primatas) é também o tio de uma galera ávida por futebol. Só que ele também é. Não perde um sábado sequer de competição, ao ponto de passar quase 7 horas no Playball assistindo a inúmeras partidas. Tanto é que, desde o semestre passado, ele participa ativamente de duas equipes, o Primatas e o Condor's.
Essa fome toda acabou lhe rendendo o apelido de “magnata do Chuteira”. Se é verdade ou não, ninguém saberá, a não ser ele próprio. O importante é ver a admiração que muitos jovens jogadores têm por esse “garoto” de 54 anos. E apaixonado pelos seus times, tanto que se preocupa com um enfrentamento entre ambos: “Se pudesse, não gostaria de assistir a esse jogo”. Esse jogo foi no último sábado, e ele podia não ter ido assistir, mas foi e ficou do lado de fora sofrendo com a acachapante goleada sofrida pelo Condor´s para o Primatas.
Confira a entrevista com Chicão, um dos personagens mais influentes do Chuteira.
É incomodo te chamarem de “o magnata do Chuteira”? Sente que é pejorativo?
Não que incomode, mas não me vejo assim. Ajudo dois times e todos sabem. Faço isso porque gosto de futebol e gosto de assistir os jogos tanto do Primatas e do Condor's quanto o de outros times também. Falar que sou o “magnata do Chuteira” é uma brincadeira do Lucas
(P., organizador do torneio) comigo, mas tudo numa boa.
Memés feitos para sacanear Chicão quanto aos petrodólares que abundam os seus times
Por que gerenciar duas equipes? Como funciona esse gerenciamento?
Como disse, gosto de futebol e de ajudar esses dois times. É tranquilo. E foi uma coincidência também. Tínhamos, Roberto
(Solcia, técnico) e eu, um time chamado U.P.A. e, para o mantermos e o incluir no Chuteira de Ouro, fizemos uma parceria com o Neno, então dono do Condor's.
Na pré-temporada, você afirmava que, no confronto entre os times, nem apareceria para acompanhar a partida e torceria pelo empate. Pois bem, você estava lá. Como foi assistir a Condor´s x Primatas?
Seria bastante complicado. Se pudesse, não gostaria de assistir a esse jogo. Meus dois filhos, Feco e Marcelinho, jogam no Primatas e seria bastante difícil. Se desse empate, seria bom
(risos). Mas um dia esse jogo ia acontecer, não tinha jeito. Foi muito difícil de assistir, e com certeza foi o único jogo até hoje que não falei e gritei nada!
Como foi o pós-jogo? A galera do Primatas pesou muito na sua?
Foi ao menos engraçado. Todo time do Primatas, meus filhos, o Gui, mandando chupas e mais chupas. Até vídeo gravaram com o Chupa, Chicão! Faz parte, né, acabei dando risada dessa situação inusitada, mas, tudo bem, já acabou. Foi muito ruim assistir esse jogo pelo lado afetivo, mas quem assistiu com certeza viu um jogão.
Como surgiu a oportunidade de assumir o Condor's?
O Roberto Solcia e eu montamos o U.P.A. (Unidos pela Amizade) com alguns jogadores do Chuteira e precisávamos manter o time em atividade. Daí encontramos o Neno
(então manager
da equipe) e conversamos. Ele disse que estava um pouco cansado da organização do Condor's e que tinha poucos jogadores. Nos acertamos e nos unimos para remontar o time e disputar a Liga.
O elenco é quase todo modificado em relação ao Condor's que estreou em 2011 e que jogou por várias temporadas com a mesma base. Foi difícil arrumar jogadores? Como conseguiu formar um grupo que, logo de cara, foi o campeão do XIII Chuteira de Bronze?
Tínhamos uma base muito boa de jogadores do U.P.A.. Bahia, Vander, Viola, Dieguinho, Jhonny, Dri Ferreira, Zé Henrique, Pepinho, Ronald, Marcão e Maça. A estes se acrescentaram o Neno e o Digão, que já eram do Condor's e que caíram como uma luva no time. Com essa base disputamos a Série Bronze. Tivemos jogos bem difíceis, como contra Mulekinhos e Bonde dos Abelhas, na fase de grupos, e o Wake 'n' Bake na semifinal, mas graças a Deus conseguimos ser campeões.
Como é sua relação com o polêmico, mas competente, Roberto Solcia? Vocês chegam a ter discussões sobre a montagem da equipe?
Desde que decidimos nos juntar para formarmos o U.P.A. deixamos claro o que cada um faria. A parte da organização e estrutura do time é minha, e a parte técnica, dele. Trocamos ideias e chegamos aos consensos. De vez em quando temos opiniões diferentes, mas tudo se resolve na conversa, sem problemas. Até agora entramos em acordo quase sempre
(risos).
Sábado é dia sagrado: filhos, trabalho, esposa, braço quebrado, nada afasta o magnata da sua diiversão
E quanto ao Primatas? Como você avalia seu desempenho à frente do time no segundo semestre de 2016, quando não passou das oitavas de final? O que faltou para voltar à Ouro?
Nosso desempenho no segundo semestre de 2016, sob minha administração, não foi boa. Tivemos muitos altos e baixos, muitas variações nos jogos. Não merecemos seguir no campeonato. Por consequência, subir para a Série Ouro.
Existe problema dentro do elenco? Você acha que os meninos cresceram e agora não estão mais com a mesma “pegada” de antes? Lembrando que o time, desde que foi vice-campeão da 20ª edição da Ouro, só colecionou campanhas ruins.
Não tem problema nenhum. É aquela coisa de só jogar bola em determinada fase ou idade, quando só isso interessa, mas a vida vai começando a te levar para outros rumos, a mostrar outras prioridades. Trabalho, faculdade, namoro etc. De alguma maneira vai dispersando um pouco, mas a macacada tá sempre junta. Saem, viajam, estão sempre juntos.
A dupla dinâmica do Condor´s: você não verá um sem o outro
Se no Condor's você tem um Roberto Solcia, no Primatas você tem um Gui Fenômeno. É difícil lidar com ele? Há divergências entre os dois quando se trata do time?
A mesma situação com o Roberto acontece com o Gui. Ele toca o time na quadra e eu, fora dela. Trocamos muitas ideias. De vez em quando temos opiniões diferentes e chegamos a um consenso. Não posso deixar de falar da paixão que o Gui, como um dos fundadores, tem pelo time. Isso é inegável e compreensível. Nos damos muito bem, tanto que frequentamos a casa um do outro. É assim, e não temos problema nenhum com o outro, muito pelo contrário.
Sua presença no Playball é notada. A maioria dos jogadores te conhece. Essa relação é vista como benéfica. Mas, e na hora de enfrentar esses jogadores? O que de conflituoso há nessas relações? Já deixou de ser visto como “tio” dentro de quadra?
Olha, vou dizer: acho que conheço a grande maioria dos times e jogadores do Chuteira. É um ambiente muito bom e o campeonato é muito legal. Assisto a muitos jogos. Lá é onde passo as tardes de sábado e é onde me desligo. Divirto-me muito, mas, às vezes, há essa confusão quando acabamos tendo de jogar contra, e lógico que, dentro da quadra, cada um vai defender o seu lado, mas tentando respeitar o outro. Tenho uma história divertida com o pessoal do Império Celeste. Uma das vezes que jogamos contra não nos conhecíamos direito, e acabamos discutindo pelo jogo, de cabeça quente. Depois fizemos amizade e hoje sou amigo de todos eles. Parece engraçado, toda vez caímos na mesma chave ou acabamos nos cruzando, e sempre damos muita risada. Esse semestre vai acontecer de novo, estamos no mesmo grupo.
Recentemente você levantou seu primeiro troféu no Chuteira como jogador, o I Chuteira Master. Conte-nos a sensação de gritar “campeão”, com mais de 50 anos, atuando dentro das quatro linhas.
É uma satisfação estar no campeonato, e muito gratificante a oportunidade de jogar com o master do Primatas. Parabéns à organização pela iniciativa de fazer este campeonato. Para mim foi muito bom, brincava meus 4 a 5 minutos. Mas é sempre bom ser campeão, né?!
No Primatas, uma figura singular, junto a quem mais quiser e precisar de seu apoio, como Mario Junior após contusão
E a pecha de “esquentado” que você leva? Parece que houve até uma agressão em dos jogos do I Chuteira Master. Conte como é seu temperamento e como faz para se controlar (quando dá).
É, tem esse lado que, de vez em quando, a gente passa dos limites. Tenho tentado me controlar e tenho melhorado bastante. Às vezes, não o suficiente, mas estou tentando. Espero melhorar mais, pois esse menino aqui já está com 54 anos. Tá na hora de aprender
(risos).
Para 2017, o que o Chicão espera do Chicão, sobretudo nas 3 esferas que irá disputar (Primatas, Primatas Master e Condor's)?
O que espero é melhorar o que passei em 2016. Gostaria de classificar o Primatas e o Condor's para a Série Ouro. Sei que vai ser difícil, pois temos pelo menos 10 times em condições de subir. Acho que vai ser uma Série Prata das mais difíceis que já houve, em função da qualidade dos times que têm. E no Chuteira Master vamos entrar para defender nosso título, e tentaremos o bicampeonato. Será complicado, pois todos vão querer ganhar da gente.
Comentários (1)
Parabens pela reportagem e pela escolha do entrevistado. Chicão é com certeza a pessoa mais querida do Chuteira e com certeza com uma amizade, admiração e respeito por todos do Imperio Celeste. E como ele mesmo disse, sempre jogando contra nós. Agora em duas oportunidades, pelo Condors e pelo Primatas. Grande abraço Chico você merece todo esse carinho.