Favoritismo não se consolida sem bola rolando. A popular “zebra” aparece no futebol graças ao delicioso imponderável, mas, diante do desnível técnico, esse inesperado fica quase inexplicável. Ou alguém apostaria que o time de seis jogos e seis vitórias tropeçaria diante do quarto colocado do outro grupo, que chegou a apanhar de 10 x 1 na estreia da competição?
 
Pois o Fátima mostrou que o até então bicho papão Só Risada precisaria sair da zona de conforto para chegar à semifinal, vendendo caro a vaga e protagonizando uma partida repleta de muitas emoções, só decidida nas penalidades, marcando o início do mata-mata do III Chuteira 5.
 
O jogo começou agitado, com as duas equipes brigando muito pela posse de bola no meio de quadra. Aos três minutos, Cidrão arrancou da direita para a esquerda e serviu Ligeiro, que encontrou o matador Kaká livre na área. O camisa 10 não precisou de muitos toques na bola: dominou e girou batendo no cantinho esquerdo do goleiro para abrir a conta. Porém, Ligeiro não dava assistência apenas para o seu ataque. O camisa 5 saiu jogando errado e acionou o goleiro Gui, que não chegou a tempo e teve que dividir a bola com Caio, que ganhou a dividida e marcou o gol de empate.
 
A igualdade chamou o Fátima para o ataque e Gui foi exigido três vezes, fazendo duas grandes defesas em arremates de média distância. O momento era melhor para os portugueses, que contavam com a marra e a qualidade técnica de Rafael Henrique, o camisa 8 que dava muito trabalho para a zaga do Risada.
 
Mas o ataque aurinegro é muito qualificado e, aos 10 minutos, a pressão do Fátima sofreu um balde de água fria. Cidrão recebeu escanteio na ponta da área e dominou com um toque, girando rápido e acertando o cantinho direito de Léo, que sequer mergulhou para a defesa, já que não esperava o arremate do rápido meia-atacante. 2 x 1.
 
O Só Risada ainda teve uma grande oportunidade de ir para o intervalo com o placar maior. Cometendo muitas faltas, o Fátima logo estourou o limite de cinco infrações e no último lance da primeira etapa, Juninho foi para a cobrança do shoot out com confiança, mas demorou um pouco para decidir como bateria, dando tempo para a reação da zaga portuguesa, que afastou o perigo.
 
A segunda etapa começou a mil por hora, mas o Só Risada parecia não sair da primeira marcha. Na saída de jogo, o Fátima surpreendeu o adversário e Rafael Henrique recebeu na entrada da área, passando pela defesa e batendo de bico quando Gui tentava fechar o ângulo. Um bonito gol de empate!
 
Então, o ataque azul e branco começou a dar muito trabalho e a zaga aurinegra teve que se desdobrar. Sem Juninho, Rafinha ou Kaká brilhando como antes, a bola passava a rondar mais perigosamente os arredores da meta de Gui. Mas tanto o raçudo Jorge quanto Maumsiam dando conta do recado. Por cima e por baixo, os dois beques do Risada não deixavam espaço para o Fátima ameaçar a virada. E, além do destaque defensivo, Jorge também mostrou muita presença na área. Aos cinco minutos da segunda etapa, o zagueirão subiu mais que a defesa adversária e cabeceou pro fundo do gol, coroando sua exibição de categoria e entrega. 3 x 2. O bom Rafael acabou indo pro chuveiro mais cedo depois de levar o segundo cartão amarelo em falta boba na defesa, deixando o ataque do Fátima órfão.
 
Entretanto, apesar da vantagem estratégica e de possuir muito mais condições técnicas, o Só Risada não colocou isso em prática e deixou o Fátima crescer muito na metade final do segundo tempo. Gui fez outra grande defesa após cabeçada de Caio, que subiu antecipando a marcação e testou com força, mas o goleiro estava bem colocado e pôs para escanteio.
 
Exagerando nas faltas bobas, o aurinegro flertava com o perigo. Até que, nos acréscimos, Vavá fez falta no goleiro e a arbitragem assinalou a marca do shoot out. Guthi foi para a cobrança e mostrou frieza e tranquilidade para deslocar muito bem o goleiro Gui e empatar o duelo!
 
A igualdade após o apito final levou a partida para as penalidades, e o Fátima começaria a sequência. A primeira batida foi de Dario, colocando a bola de um lado e o goleiro do outro; pelo Só Risada, Cidrão bateu com força e o goleiro Léo quase chegou a tempo de defender. Na segunda rodada, Vitor tentou tirar de Gui e acabou tirando também da baliza, batendo de direita, cruzado, para fora. Mantido o 1 x 1, Kaká bateu forte, de chapa, no cantinho esquerdo, e colocou o Risada em vantagem. Na última rodada, Gui quase pegou a batida cruzada de Guthi, mas a bola entrou; e coube a Juninho a missão de bater a última penalidade. Ele, que fez uma partida bem abaixo do que costuma mostrar, pegou a bola e parou duas vezes na corrida antes de bater cruzado de direita, colocando o goleiro de um lado e a bola pro outro. Final de jogo, Só Risada classificado com 3 x 2 nos pênaltis e Fátima caindo com honra.
 
Na semifinal, o time aurinegro pegará o Impérius, que passou pelo Porto em outro jogo emocionante. Os jogos das semifinais acontecerão no dia 13 de junho, na quadra 4 do Playball Pompeia. Semifinais e finais terão nova casa.

Ficha técnica

Só Risada 3 (3) x (2) 3 Fátima – Quartas de final do III Chuteira 5

Gols: Jorge, Kaká e Cidrão (SR); Guthi, Rafael e Caio (FT)

Cartões amarelo: Rafinha (SR); Rafael Henrique, Jota e Jorge (FT)

Cartão vermelho: Rafael Henrique (FT)

MVPs: 1 – Jorge (Só Risada); 2 – Rafael Henrique (Fátima); 3 – Maums (Só Risada)