Primatas mantém invencibilidade de três semestres, o tabu sobre o Bacana, e vai a mais uma final em meio a excessivos falatórios entre times e arbitragem
Vão dizer que faz parte do jogo. O problema é quando o excesso toma conta de uma situação que deixa o que era legal, chato. Se fosse basquete, o público entenderia o número de vezes em que a bola parada foi superior à bola em jogo. O problema é que o esporte praticado era futebol society, e o que era para ser um espetáculo agradável se tornou um programa de índio tamanha catimba – muitas vezes desnecessária, ainda mais se tratando de jogadores com mais de 30 anos. No último minuto do confronto semifinal, o Primatas marcou o 1 x 0 e manteve sua invencibilidade de três semestres, além de manter um tabu sobre o Bacana. Mesmo assim, o que ficará na mente do público é o quanto esse confronto poderia ter sido melhor.
Lucas P. estava presente para acompanhar o último estágio antes da decisão como um legítimo Eurico Miranda – ou, às novas gerações, como um Dana White -, enquanto Matheus enquadrava este repórter com uma frase que não se concretizaria: “Farei o gol da vitória e irei direto até você”. Não virá, leitor(a), garanto! Enquanto isso, Kiwi dava bronca tamanha neste mesmo repórter que vos escreve por uma certa escolha de MVP...
Caco, Zizu, Matheus, Fernandinho, Caldera e Jeferson foi o quadro iniciante do Bacana, mas isso demorou a acontecer pois seu técnico, Marcelão, colocou um monte de jogares no aquecimento para confundir mentes alheias. Já Portuga, Preto, Chide, Amaro, China João e Ivo estavam bem definidos por Gui Fenômeno e sua camisa branca que iria para o espaço após os 40 minutos. Aquele início de estudos, sem os jogadores se expondo muito, até Fernandinho tentar passe maravilhoso, mas que acabou saindo pela culatra quando espanou para trás e China João com total possibilidade de abrir a contagem aos 2 minutos, mas Herbal saiu abafando o chute à queima-roupa e defendeu com a mão direita o que poderia ser mortal!
As chegadas eram fortes e na bola, provando que os sistemas defensivos estavam afiados. O Bacana detinha o controle da criança, mas Ivo e China João travaram o que vieram para cima deles, e ainda viram Fernandinho cometer falta na intermediária para China João poupar energia ao jogo que teria em seguida pelo Guaxupé e praticamente recuar para Herbal.
O tempo técnico solicitado fez o repórter se atentar a um detalhe fundamental: os suplentes dos dois lados eram muitos! O retorno da pausa foi insosso, exceto pelo fato de Amaro não ter acreditado em um lateral arremessado a ele dentro da área bacana, e trinta segundos depois, pelo pastor China João puxar contra-ataque, abrir na direita a Amaro e ver o center forward mandar à meia-altura. Herbal mandou a escanteio, cobrado pelo mesmo Amaro na segunda trave para Chide mandar à linha de fundo.
Começava o show particular de Portuga na zaga primata. O português mais amado do Chuteira, torcedor assíduo do Sporting (invejosos dirão que é do Benfica), por exemplo, travou Jeferson lindamente após troca de passes cinematográfica do Bacana! Herbal, logo depois, torceu para o chute colocado da entrada da área de Preto, após passe de Amaro, sair mesmo – em vacilo de Fernandinho.
O jogo prosseguiu após a chance de Preto e o primata 10 ainda levaria cartão amarelo após uma marcação contestada pela macacada. Para ela, Ivo não cometera falta – gerando toda a catimba que deixaria a bola mais parada do que rolada até o final. Após muito tempo perdido com os excessos nas reclamações, Matheus soltou a botina na cobrança, mas à linha de fundo. Os nervos estavam diferentes e nova falta, dessa vez de Thigana na intermediária esquerda. Paulo Netto entrou apenas para cobrar e soltou o torpedo teleguiado no ângulo, após ameaçar cobrança ensaiada, mas a cabeça de Portuga tirou providencialmente o que seria fatal!
Zizu estava tão sumido que, quando notaram sua presença, emocionou-se num arremesso lateral. Enquanto isso, o match continuava travado, com raras oportunidades. O Bacana veio duas vezes, uma com Paulo Netto roubando o pirulito da mão de China João pela esquerda e mandando para fora com pé direito, e depois com o Buffalo Soldier Matheus arrancando de trás – rompendo a linha divisória em drible sobre, ele de novo, China João -, ‘tabelando’ com a zaga primata e saindo na cara de Gambetta, mas desequilibrado mandou rasteiro para fora.
O carnaval foi antecipado quando Thigana e Matheus dividiram bola na linha de fundo e a sabedoria dos másters irem para o vinagre. Nem adianta estender o assunto senão fica mais chato que a própria partida, então, os árbitros apontaram acréscimo de dois minutos enquanto o Primatas chegava à quinta falta coletiva. Após lateral, Dri Ferreira e Jeferson dividiram na frente de um atento Herbal. O último momento antes do intervalo terminou com defesa monumental de Gambetta: após o arqueiro sofrer falta, Elói Filho lançou Kevin, que raspou de cabeça para Herbal agarrar e logo acionar Fernandinho no contragolpe pela esquerda, levando até soltar a porrada e ver o goleiro primata fazer milagre para o lado!
Antes de a saída ser dada e Gambetta encaixar tentativa rasteira de Kiwi, Portuga grudou na grade e foi outro a ameaçar o repórter. “Se não for 3 x 0 para o SPQSF como você apostou, me pagará uma cerveja”. Tecnicamente não pagarei, Portuga, pois o seu Real Paulista Classic perdeu de 6 x 3 pela Série Prata, logo, a diferença apostada permaneceu. O português ficou tão bravo ao ler isso que foi convidado a descansar por dois minutos – Gui Rosis entrou e manteve sua zaga intacta até a volta do titular, mas antes teve de sofrer com chegada de Jeferson e Kiwi pela esquerda, com bola rolada para Paulo Netto achar Fernandinho e este disparar a bomba que explodiu no corpo de Preto!
O Bacana começava em cima e, se havia hora boa para mexer no placar, seria aquele o momento, principalmente quando o time partiu pro contra-ataque com o professor Marcelão mandando a bronca a Yanes: “Fecha sempre!”, após o bacana 17 não fechar após Paulo Netto jogar para ele dentro da área!
O Primatas, um tanto acuado, aos poucos foi melhorando – mesmo que Paulo Netto tenha cobrado falta pelo meio visando o ângulo esquerdo, com Gambetta voando como uma chita e espalmando magistralmente para evitar o tento! Na triangulação China João, Dri Ferreira e Preto, este último não alcançou a redonda no deslize. Logo depois, a catimba voltou a dar as cartas na cobrança da falta de Preto sobre Jeferson, onde Fernandinho iria para a batida se não fosse convidado a descansar por dois minutos após mexer na bola enquanto a barreira era armada. O blá blá blá continuou forte e, quando a bola finalmente voltou a rolar, logo tornou a ficar parada com Matheus ganhando um green card exclusivo para entrar no vestiário antes de todos! No banco primata, pasmem, Gui Fenômeno pedia calma aos seus jogadores! Novos tempos are coming!
Os ânimos estavam tão elevados que Marcelão teve de fazer uma troca tática para suprir a ausência de seu zagueiro e deixou jogador ensandecido. O sacrificado foi Zizu, que quase partiu para cima de Caco, este com o colete na mão para compor o sistema defensivo: “Foi o professor que mandou, Zizu, fala com ele”, em meio a risos. Enquanto isso, a macacada tentava abrir a contagem em trocas para China João sentar a chinela e Amaro desviar de cabeça por cima do arco.
Pausa para os comerciais, mas, adivinhe, leitor(a)? A catimba não parou, agora com quiproquó sobre o número de faltas coletivas. Alguns suplentes foram até o anotador perguntar qual era a quantidade exata de infrações cometidas, deixando o ambiente mais carregado na reta final. Na arquibancada, Fê Loko era encontrado fora de si (mudaria o comportamento rapidinho assim que a decisão do primeiro finalista aconteceu). O falatório era tão grande que até os árbitros entraram no jogo, com resenhas desnecessárias e perigosas – dando margem para mais catimba dos jogadores.
Quando finalmente o público voltou a ver o que mais queria - bola rolando -, Caco garantiu sua presença entre os MVPs do match ao salvar, na mesma jogada, dois chutes à queima-roupa, sendo o segundo de Dri Ferreira. Porém, logo depois, o zagueiro ficaria desolado ao ver Caldera errar na zaga e a bola ficar com Amaro. O atacante girou o corpo rapidamente e armou o canudo, com Herbal já atento para fazer defesa cinematográfica, mas o chute acabou saindo mascado e enganou o arqueiro que só leva gol bonito, surpreendendo a todos ao entrar mansamente! 1 x 0! Ainda teve mais 1 minuto de peleja, mas as forças do Bacana haviam minguado, e a invencibilidade do Primatas estava intacta – menos a camisa de Gui Fenômeno, mais uma vez em uma decisão com a macacada.
Ficha técnica
Primatas Master 1 x 0 Bacana Master – Semifinal do III Chuteira Master
Gol: Amaro (PM)
Cartões amarelos: Preto, Thigana e Portuga (PM); Matheus e Fernandinho (BM)
Cartão vermelho: Matheus (BM)
MVPs: 1 – Portuga (Primatas Master); 2 – Caco (Bacana Master); 3 – China João (Primatas Master)
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