
A grande final do III Chuteira Master prometia um duelo eletrizante. E a decisão não poderia ser melhor. Com muita propriedade e soberania, o Se Não Guenta Por Que Veio? (SNG) derrotou o Primatas por um convincente 4 x 2 e acabou com uma soberania de um ano do time símio, que era bicampeão e vinha invicto no Chuteira Master. Caiu a invencibilidade, o troféu mudou de mãos e o SNG levantou seu quarto troféu na liga após 8 anos do tricampeonato da Ouro, na sua 10ª edição (dezembro de 2010).
A partida foi marcada por lances geniais de ataque e defesa, principalmente pelos atletas de laranja. Destaques para Luis Romão, um gol e duas assistências, Felipe Augusto, dois gols e uma assistência, e o motorzinho Ronei, protagonista do golaço no apagar das luzes a decretar o título ao SNG. Do lado dos símios, o MVP da 1ª fase, Dri Ferreira, anotou os dois tentos de sua equipe, mas o bicampeão esteve muito abaixo do que vinha apresentando e foi amplamente dominado, do início ao fim.
Até chegar à finalíssima, o SNG galgou por um caminho espinhoso, com uma campanha modesta de 3 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. As duas derrotas foram para Resenha e Primatas, times de melhores campanhas da 1ª fase. Se lá perdeu, na hora do vamos ver ganhou: tinha despachado o Resenha na semifinal antes de encarar a macacada na final!
Já o Primatas vinha de um retrospecto se não perfeito (4 vitórias e 3 empates), ao menos com panca de time que nunca havia perdido um jogo sequer – foi bicampeão com campanhas invictas – e com a moral de ter despachado o Bacana. Não foi suficiente para levantar o tricampeonato.
O início do jogo foi de estudos, mas que, mesmo assim, o Primatas distribuía mais a bola e tentava ocupar toda as áreas da quadra; já o SNG fechava o meio e buscava os contra-ataques nos erros do adversário. Numa dessas, Biro recebeu um longo lançamento de sua defesa e, nas costas da zaga e dentro da área, cabeceou rente ao travessão de Gambetta, mandando para fora.
Aliás, esta foi a tônica de grande parte do jogo: os alvirrubros abriam espaços e tocavam a bola de pé em pé, sem muita objetividade, enquanto os de laranja os deixavam subir, atraindo-os ao seu campo, e saíam num contra-ataque louco que sempre colocava a nação símia em perigo.
Minutos depois, Ronei tabelou com dois companheiros e ficou de cara para o gol de Gambetta. O chute foi forte, mas Ivo apareceu na frente e afastou para a lateral. E o camisa 11 estava com fome de bola. Na sequência, Ronei puxou contra-ataque em alta velocidade e seus marcadores não conseguiram acompanhá-lo. China João partiu para o combate e jogou para escanteio. Depois da cobrança, a bola sobrou para Biro na intermediária, que mandou um balaço de primeira, obrigando Gambetta a espalmar por cima da meta.

A partida continuou quente, e depois de muito lá e cá, Tejeda acabou acertando Preto por trás, após perder na corrida, tomando prontamente o cartão amarelo. Na cobrança, Preto achou Thigana completamente livre na direita, mas o chute foi tão fraco que Caieras só deitou ao chão para apanhar. A partida já tinha mais de 10 minutos e esta foi a primeira intervenção do arqueiro laranja. Aliás, o arremate do alvirrubro nem foi ameaçador, o que causaria espanto no xará famoso, Jean Tigana, astro francês dos anos de 1980.
Em novo contra-ataque, Ronei disparou pela esquerda e serviu a Léo livre no meio. O camisa 33 disparou a bomba no canto direito de Gambetta, que foi mais rápido e mandou para a lateral. Na metade do primeiro tempo, os alvirrubros foram em peso para o ataque, mas vacilaram e perderam a bola. A redonda caiu nos pés de Luis Romão, que arrancou em direção ao gol. Dri e Cachorro tentaram pará-lo, e na base da raça, o camisa 23 fez um passe a Felipe Augusto nas barbas de Alti, que não alcançou. Nisso, o camisa 18 devolveu a Romão, e antes que Gambetta tivesse a chance de impedir, escorou para o fundo do gol. 1 x 0!
O gol não despertou os símios, que ainda tentavam furar o forte bloqueio adversário com toquinhos curtos de um lado para o outro, o que facilitava a defesa laranja. Minutos depois, Allan fez um lindo cruzamento da lateral direita para Abelha. Livre dentro da área no lado esquerdo, o camisa 77 ajeitou de forma esquisita para Fabinho que só não chutou porque Portuga deu-lhe um carrinho. Amarelo para ele na hora, que saiu dizendo que nada tinha feito. Ora pois, gajo...
Na volta para o segundo tempo, Dri tentou um potente chute no meio do gol, tendo Caieras feito a defesa. O Primatas continuou irreconhecível, pois nem de longe parecia o time que deslumbrou os fãs do Chuteira durante o campeonato. Ambos os times reiniciaram da forma como começaram: alvirrubros passando a bola de pé em pé e os laranjas defendendo e atacando em bloco, não permitindo que o adversário subisse muito.
E a tela foi mais uma vez pintada. Num quase repeteco do primeiro gol, o SNG puxou um contra-ataque com Luis Romão, num três contra três em que a defesa alvirrubra só observava. Sem nada com isso, Felipe recebeu no lado esquerdo e bateu cruzado no canto esquerdo de Gambetta. 2 x 0! Na sequência, a bola foi de pé em pé desde a defesa: Biro, do meio, passou para Ronei que lançou Felipe, que entrou sozinho de carrinho no canto direito do goleiro, mas por puro capricho a bola foi para fora.
Chide tentou resolver sozinho e se deu mal. O 19 perdeu a bola para Biro na intermediária adversária e deixou sua defesa desguarnecida. A bola foi aos pés de Luis Romão, que arrancou pelo meio e atraiu a marcação. O passe foi para Felipe do lado esquerdo, que ajeitou e mandou um torpedo com precisão cirúrgica no canto direito de Gambetta, justamente entre o goleiro e a trave, golaço. 3 x 0!
O Primatas parecia conformado com o resultado, pois estava praticamente morto em quadra, seus ataques não rendiam e sua marcação era nula, pelo menos, só parecia. Gambetta começou a sair do gol, numa tentativa de armar o seu time. Chegou a chutar de longe, fazendo com que Caieras defendesse um quase gol.
Em cobrança de falta, Preto rolou a bola para o lado e Bruno bateu de curva, sem muita força. Nisso, Dri apareceu de repente e enganou Caieras ao mandar para o fundo do gol. 1 x 3! Na sequência, Rafa perdeu um gol sozinho com a meta aberta, após excelente passe de Luis Romão. E quando se pensava que o jogo ficaria morno, as emoções trocaram de lado. Após cobrança de lateral, Bruno ajeitou de cabeça para Dri dar uma certeira cabeçada, que encobriu Caieras, tendo a bola explodido no travessão antes de entrar. 2 x 3!
A partir daí, os laranjas foram quem ficaram nervosos e começaram a abusar das faltas, chegando a ceder cinco e, consequentemente, dariam um
shoot out aos adversários na próxima. Tejeda chegou a ser expulso. Olha o perigo. Com o relógio jogando contra, os símios partiram para o tudo ou nada, tendo Gambetta incluso no esquema, pois o arqueiro avançava até o meio da quadra sem ser incomodado. Para os laranjas, isso era uma isca, só que só o camisa 1 não sabia disso. No apagar das luzes, Gambetta abandonou a meta e tentou fazer um passe rasteiro, mas o chute saiu errado e a bola caiu nos pés de Ronei. E lá da intermediária ele chutou por cobertura, a bola viajou e... caixa! Um golaço digno de uma grande final como essa. 4 x 2!
Muita comemoração em quadra pelo lado do SNG e abatimento, lógico, do lado do Primatas, que ao apito final ficou ainda reclamando querendo uma sexta falta quando o jogo estava 3 x 2. A soberania ruiu, o SNG é o novo dono do Chuteira Master!
“Essa quadras grande, o goleiro sempre em linha, eu já estava observando para tentar o gol à distância. Na primeira oportunidade clara, bati na certeza e consegui, praticamente, o gol do título. Quem conhece o nosso time, sabe que temos muita força defensiva e deixamos o adversário avançar e gostar do jogo, só daí que partimos para um contra-ataque mortal com os nossos atacantes rápidos. O time está de parabéns e agora vamos comemorar muito”, declarou Ronei ao final.
Ficha técnica
Primatas 2 x 4 SNG – Final do III Chuteira Master
Gols: Dri (2) (P); Felipe (2), Léo e Ronei (S)
Cartões amarelos: Chide, Julinho e Portuga (P); Danilo, Léo, Tejeda e Caieras (S)
Cartão vermelho: Tejeda (S)
MVPs: 1 – Luis Romão (SNG); 2 – Felipe Augusto (SNG); 3 – Ronei (SNG)
MVP DAS FINAIS: Luis Romão (SNG)
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