Uma enquete sincera dentro do Boa Pergunta poderia dar um empate na opinião de quem seria campeão. Por maior esperança que tivesse na vitória, apostar dinheiro nela era coisa que poucos ali fariam. O Mãochester era mais técnico e dominante. Tinha o melhor ataque e a melhor defesa. Teria maior posse de bola e criaria mais chances de gol. Ao Boa Pergunta restava o que todo mundo já sabia que seria a tática utilizada na final: retranca forte, goleiro inspirado (elemento vital) e uma bola no ataque para fazer seu golzinho quando desse. A esta receita de sucesso – sempre nunca garantida – o Boa Pergunta incluiu um ingrediente não mais muito presente no futebol: coração. Foi graças a ele, o coração, que o Boa Pergunta levantou a taça de campeão da VI Copa Calcio na disputa de penalidades!  
Qualquer um que assistiu às partidas do Boa no campeonato sabe que vontade não faltou. No semestre passado, nada deu certo ao time, eliminado ainda na 1ª fase. Neste, a coisa se inverteu e tudo deu certo – até as jogadas mais do que manjadas de lateral para a área adversária. Entretanto, na final, o coração falou mais alto, tanto que o goleiro Dias deixou de lado o show do Scorpions – ingresso em mãos semanas antes – para estar com os companheiros e ajudar na medida do possível. E em quadra Dias transformou o impossível em possível para ser o melhor jogador da final e dar o título aos parceiros.
 
Chega de enrolação e falemos do jogo. O relógio deu 2 voltas entre os 12 números quando o Mãochester abriu o placar. Lateral jogado para Pintinho, na linha da área. Ele pegou de primeira e mandou entre Dias e a trave”! O goleiro, visão encoberta, nem se mexeu. 1 x 0! 12º gol do artilheiro! Sim, parecia que viria goleada. Ainda mais porque o jogo dominante de posse de bola do Mãochester não arrefeceu. Só dava eles com a bola e criando. O Boa não mudou um milímetro sua posição dentro de campo – os 6 jogadores de linha marcando atrás do meio de campo. Só avançava quando Theo ou Matias pegavam a bola em lateral e jogavam lá para a muvuca para ver o que acontecia. Espertos, os laranjinhas não deixavam de marcar a jogada e levavam a melhor.
 
Cidão disparou driblando e cruzou, mas Hennry não alcançou. Aí Pintinho deu o ar da graça de novo, aproveitando erro da marcação e girando para sair de cara com Dias, que defendeu com o pé e fez o primeiro milagre da noite. O camisa 11 de novo, desta vez um bicão que passou raspando o travessão após cortar passe ainda em seu campo de defesa. David mandou muito alto em ajeitada de Cidão. Quando Gabriel trabalhou com Cidão, este finalizou e Dias, de peito, quase que no susto, defendeu mais uma pedrada com endereço certo. Em menos de 10 minutos e o goleiro já salvava o Boa.
 
Antes do pedido de tempo aos 11 minutos, duas chegadas do Boa no esquema de sempre: Matias jogou a bola na área e Cunha deu a casquinha para trás, nas mãos de Gambelli. Mesmo destino a cabeçada de Badeu no segundo pau.
 
A primeira jogada no chão do Boa foi entre Matheus e Rato, com finalização fraca deste na rede pelo lado de fora pela direita. O Mãochester também aproveitava seus laterais. Noutro, a defesa cortou para o alto e Henrry emendou bonito de primeira quase do bico da área e Dias praticou grande defesa! Depois David jogou por cima ao tentar bola colocada e, quando o camisa 8 achou o buraco na defesa e abriu com Diego Orsi em disparada pela direita, aos jogadores do Boa só restou torcer por Dias. Dito e feito! Pegou mais uma o goleirão!

 
Perdendo, o Boa Pergunta parecia que ganhava. Gambelli gastava o tempo com a bola nos seus pés sem ser incomodado e a saída atrás era sempre tranquila. Assim foi até o fim do primeiro tempo, mas antes Cunha teve sua chance ao receber lançamento do goleiro, girar e bater mal para fora. O Mão voltou a marcar com Gabriel, mas a arbitragem já assinalara falta de Hennry no lance.
 
O segundo tempo começou do mesmo jeito, só que do outro lado, com gol de Cunha anulado porque empurrou o defensor. Faltando 20 minutos, o Boa abdicara de atacar. Foco total na defesa. Todos marcavam, todos afastavam a bola como dava. As puxadas de contra-ataque cabiam a Rato e Matheus, que, com a bola dominada, sempre perdiam porque não tinham com quem jogar. Dias fez outra grande defesa em paulada de David após tentar forçar pelo meio e ver que não daria. Em cobrança de falta, Rato mandou para fora.
 
Lance que gerou reclamação veio em seguida. Pintinho, da direita, chutou no pé da trave! A bola voltou a ele, que girou na área e foi ao chão pedindo pênalti! Nada feito! Aí, aos 6 minutos, o lance decisivo. Lançamento de Theo da defesa para a frente e Pão meteu de letra da linha da área para o gol! Gambelli voou e fez a defesa, deixando o rebote para Rato vir e escorar com tranquilidade rasteira e empatar o jogo! Explosão da torcida e dos jogadores! Era a bola que o time queria! 1 x 1!
 
Nem precisa dizer que o gol só fez o Boa inflar na defesa e espirrar tudo lá de trás! Matheus fez a quarta falta do time no segundo tempo (no primeiro, não fizeram uma falta sequer!) e saiu amarelado. Com 10 minutos veio a quinta falta. Time pendurado. Um shoot out era iminente. Haveria de resistir? Sim, o Boa Pergunta é casca grossa, pediu tempo e se acertou. Sem faltas e mais coração dali em diante.
 
A bola voltou a rolar e a cada lance o gol de Dias parecia mais abençoado. David invadiu a área tabelando e tocou na saída de Dias. Theo, na linha, afastou! A bola ficou com Diego Orsi na ponta da área, que mandou a paulada dali. A bola explodiu no mesmo Theo e foi para fora!!! Incrível! Gabriel ainda perdeu gol ao receber de David, e Theo, caindo sozinho ao tentar se apoiar no rival, machucou o ombro e teve de sair de campo.
 
Foram minutos intensos de toque de bola do Mãochester. Rodavam de um lado a outro esperando a chance de chutar ou tocar, mas nada dava certo. Cidão jogou para cima. Pintinho rasteiro para fora. Pintinho com desvio e escanteio! Tudo menos o gol! Eis que o tempo se esgotou. O apito final foi um alento ao Boa Pergunta, que jogara para isso mesmo. Ao Mãochester, certamente maus presságios ao dominar tanto um jogo e não conseguir vencer. De novo, por sinal. A decisão viria nos pênaltis mesmo.
 
A hora da verdade chegara. Os goleiros decidiriam. Cunha bateu mal mas Gambelli abriu demais as pernas e a bola passou por entre elas. Cidão empatou, Matheus fez 2 x 1 e Pintinho igualou tudo de novo. Aí Rato marcou o 3 x 2. Jamil tinha de marcar para levar às alternadas. Bateu à meia altura do lado direito de Dias, que acertou o lado e defendeu com as duas mãos. Dias perdeu o show do Scorpions, mas ganhou a taça de campeão da VI Copa Calcio ao Boa Pergunta! Festa do time amarelo, que foi até altas horas, com direito a fogos, churrasco e uma alegria sem precedentes!
 
Com 16 pontos em 21 disputados na 1ª fase, o Boa foi campeão com apenas uma derrota (1ª fase, para o próprio Mãochester). Desbancou favoritos e deu a volta por cima. Assumiu um estilo de jogo que para muitos é a antítese do futebol, mas foi com ele do início ao fim, colocando muita determinação e vontade para superar obstáculos. Na 1ª fase, teve em Muri seu centro técnico, sendo responsável pela maioria dos gols e assistências. Na fase final, contou com a volta de Rato, outro pilar na marcação e velocidade. Deu certo. Ao Mãochester, um time absolutamente dominante, cujo nível técnico está muito acima dos demais, faltou acertar o pé para vencer os jogos. Foi assim contra TSR, nas semifinais, e na final. Nos dois casos, foi amplamente superior e não conseguiu converteu em gols tal superioridade. Se na semifinal acabou avançando nas penalidades, na final o resultado foi o castigo.
 


Ficha técnica

Boa Pergunta 1 (3) x (2) 1 Mãochester – Final da VI Copa Calcio

Gols: Rato (BP); Pintinho (M)

Cartão amarelo: Matheus (BP)

MVPs: 1 – Matheus (Boa Pergunta); 2 – Rato (Boa Pergunta); 3 – Pintinho (Mãochester)

1º MVG: Dias (Boa Pergunta)
 
 
PREMIAÇÃO INDIVIDUAL
 
Artilheiros: Daniel Calvi (Duff´s) e Pintinho (Mãochester)

MVP: Daniel Calvi (Duff´s)

MVG: Dias (Boa Pergunta)

MVP finais: Dias (Boa Pergunta)